sexta-feira, 20 de novembro de 2015

A BANDEIRA E O BRASÃO PAULISTA 
NA REVOLUÇÃO DE 1932 

Dia da Bandeira 19 de novembro

Ao final do Império, surgiram críticas à bandeira imperial e o jornalista e escritor republicano Julio Ribeiro em 16/07/1888 sugeriu a adoção de uma outra bandeira, muito similar à atual bandeira paulista, com 15 listas.


Bandeira Imperial


Bandeira do Clube Republicano


A ideia não foi aprovada e a bandeira nacional é a que conhecemos hoje.





Com a proclamação da República, esta bandeira proposta teve um modelo hasteado no Palácio do Governo de São Paulo em 15 de novembro de 1889,( bandeira paulista) permanecendo lá durante alguns dias. Seu autor a justificava desta forma : "As quatro estrelas a rodear um globo, em que se vê o perfil geográfico do país, representam o Cruzeiro do Sul, a constelação indicadora da nossa latitude austral". E, mais ainda, agora para arrematar: "Assim, pois, erga-se, firme-se, palpite glorioso o alvinegro pendão do Cruzeiro!!!". Esta bandeira passou a ser a "bandeira paulista" a partir dai, sem, contudo, nenhuma oficialização e sem nenhum apelo popular. Era utilizada como decoração de fachadas ou salas, sem o devido respeito que se deve dedicar a um símbolo. 

Os Revolucionários em 1932 adotaram esta bandeira como a bandeira de São Paulo, pois o movimento carecia de um símbolo desta natureza e ela tornou-se efetivamente um símbolo paulista na Revolução de 32 e a bandeira paulista, com apoio popular, tendo havido várias versões da mesma, muito parecidas, mas mantendo-se as características básicas. Em meio ao movimento, cristalizou-se, espontaneamente o apego, o respeito e a veneração a este símbolo.



Coube à Revolução de 1932, além de outras funções esta, pouco conhecida. Deve-se destacar que a bandeira paulista é a única a conter o mapa do Brasil, destacando-se dentre as demais bandeiras estaduais, por este gesto de nacionalidade, de federação, sendo mais uma prova de que o movimento não era separatista. Uma outra prova é que os batalhões, ao partir, recebiam bandeiras nacionais ou paulistas, como amplamente noticiado e exibido em fotos de época. 



Mas, em 10/11/1937, Getúlio Vargas, com sua nova Constituição, proíbe o uso de símbolos estaduais e municipais, havendo, inclusive uma queima simbólica de bandeiras estaduais no Estádio de São Januário, amplamente difundida pela imprensa. Somente com a nova Constituição, em 1946, foi devolvido aos estados e municípios o direito de ter seus próprio símbolos, voltando os paulistas a cultuar o seu símbolo.

O brasão de São Paulo, instituído no período revolucionário, a 29/08/1932, pelo Decreto estadual n º 5656, é mais uma prova da nacionalidade paulista, contendo a inscrição em latim "PRO BRASILIA FIANT EXIMIA" ("Pelo Brasil façam-se grandes coisas"), tendo sido criado pelo pintor Wasth Rodrigues.






Poema: A bandeira das 13 listas 
(Guilherme de Almeida) - 1934 

Bandeira de minha terra, 
bandeira das treze listas: 
são treze lanças de guerra 
cercando o chão dos Paulistas! 

Prece alternada, responso
entre a cor branca e a cor preta: 
velas de Martim Afonso, 
sotaina do Padre Anchieta! 

Bandeira de Bandeirantes, 
branca e rota de tal sorte, 
que entre os rasgões tremulantes 
mostrou a sombra da morte. 

Riscos negros sobre a prata:
são como o rastro sombrio 
que na água deixava a chata
das Monções, subindo o rio. 

Página branca - pautada 
Por Deus numa hora suprema,
para que, um dia, uma espada
sobre ela escrevesse um poema: 

Poema do nosso orgulho 
(eu me vibro quando me lembro) 
que vai de nove de julho
a vinte e oito de setembro! 

Mapa de pátria guerreira 
traçado pela Vitória: 
cada lista é uma trincheira;
cada trincheira é uma glória! 

Tiras retas, firmes: quando
o inimigo surge à frente,
são barras de aço guardando
nossa terra e nossa gente. 

São os dois rápidos brilhos
do trem de ferro que passa:
faixa negra dos seus trilhos,
faixa branca da fumaça. 

Fuligem das oficinas;
cal que as cidades empoa;
fumo negro das usinas 
estirado na garoa! 

Linhas que avançam; há nelas,
correndo num mesmo fito,
o impulso das paralelas
que procuram o infinito.

Desfile de operários;
é o cafezal alinhado; 
são filas de voluntários;
são sulcos do nosso arado! 

Bandeira que é o nosso espelho!
Bandeira que é a nossa pista! 
Que traz, no topo vermelho, 
o coração do Paulista

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