23 DE MAIO
DIA DO SOLDADO CONSTITUCIONALISTA
Você tem um dever a cumprir!
Descontentes com as medidas centralizadoras do Governo
Federal, a elite paulistana, apoiada pelas classes médias urbanas, já havia
derrubado três interventores nomeados para o estado. Mesmo com a promulgação do
novo código eleitoral em março de 1932, o movimento oposicionista, liderado
pela Frente Única Paulista – uma coligação formada pelo Partido Republicano
Paulista (PRP) e pelo Partido Democrático (PD) – não confiou no compromisso
assumido por Getúlio Vargas.
Não estavam mais dispostos a negociar e, assim, as
manifestações públicas de protesto passaram a ser constantes. Considerado como
marco fundamental da revolução constitucionalista, foi o incidente de 23 de
maio o que deu origem ao movimento batizado como MMDC, sigla ligada aos nomes
dos jovens – Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo – que tombaram durante
confronto com grupos governistas.
No início, era apenas mais um comício pela autonomia
regional e princípios liberais defendidos por São Paulo, traduzido em um
movimento pela reconstitucionalização do país.
Após o evento, um grande grupo saiu em passeata em direção à
sede dos partidos governistas – Liga Revolucionária Paulista e Partido Popular
Paulista (PPP) – depredando símbolos da então recente revolução de 1930 e
destruindo instalações de jornais que apoiavam o governo, em um movimento
descoordenado.
Os governistas revidaram atirando na multidão, causando a
morte dos quatro estudantes e ferindo um quinto, Alvarenga, que viria a falecer
meses depois.
As mortes em praça pública serviram para acabar com as
poucas diferenças partidárias ainda restantes. A “causa da Constituição”
ganhara seus primeiros mártires. Esse foi o estopim para o início do movimento
revolucionário armado, utilizado à exaustão como propaganda durante todo o
conflito e depois dele.
A sigla formada pelos nomes dos estudantes mortos se tornara
sinônimo do sacrifício por São Paulo e, a partir de então, era o “MMDC” que
conclamava os soldados à batalha; as “esposas, mães e irmãs” ao trabalho
voluntário na confecção de uniformes, ou como enfermeiras;
os jovens a trabalharem na fabricação de capacetes e
armamentos, entre outras atividades;
e as crianças eram incentivadas a se organizarem em
“batalhões” mirins.
Muito importante ainda foi a participação de toda a
população na contribuição financeira por meio de doações. Campanhas como a do
“Ouro para o bem de São Paulo” levaram à doação de enorme quantidade de
objetos, tais como alianças de casamento, para o esforço de guerra. Era grande
o número de cartazes com dizeres como “ouro é vitória”, “dae vosso ouro como
nós damos nosso sangue”.
Os “moços” mortos em praça pública eram o símbolo da unidade
regional, fazendo desaparecer os conflitos internos em nome da “causa maior
paulista” contra o governo provisório de Getúlio Vargas. Eram os exemplos do
mítico “espírito bandeirante” dos paulistas.
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